quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Agosto desgosto?




Agosto, do latim Augustus, é o oitavo mês do calendário gregoriano. É assim chamado por decreto em honra do imperador César Augusto. O mês também carrega uma série de crenças populares, que o apelidaram de “mês do cachorro louco” e até “mês do desgosto”. Mas, por que será que isso acontece?


A história conta que os romanos não gostavam do mês de agosto. Acreditavam na existência de um dragão enorme, horrível, que, cuspindo fogo pelas narinas, passeava no céu durante todo o mês, dragão este que não passava da constelação de Leão nos céus do hemisfério norte.


Em Portugal, as mulheres não casavam nunca no mês de agosto. Na verdade, nem era por superstição, no início. É que o mês era a época em que os navios das expedições zarpavam à procura de novas terras. Casar em agosto significava ficar só, sem lua-de-mel e, às vezes, até mesmo viúva, já que os maridos embarcavam e muitos não voltavam. Com o tempo, fez-se a lenda. Os colonizadores portugueses trouxeram esta crença para o Brasil já transformada em ditado popular, segundo o qual "Casar em agosto traz desgosto”.


Aqui em Cuiabá a superstição ainda vale. O Frei Alceu Boniatti, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, conta que em agosto o número de casamentos diminui muito. “Mas pessoas já foram mais supersticiosas. Hoje está melhorando”. O Frei acredita que o fato do número reduzido de casamentos nesse mês não é apenas culpa da carga pejorativa que agosto carrega, mas também porque as pessoas estão ficando mais práticas. Dezembro é um dos campeões de uniões matrimoniais, por conta das férias, da visita dos parentes e do 13º salário.


Mas, superstição não se mede, não é mesmo? O que podemos fazer é listar alguns acontecimentos escabrosos que, por coincidência ou não, assolaram o já perturbado mês agostino.

No dia 1º de agosto de 1914 começou a 1ª Grande Guerra Mundial. A Segunda Grande Guerra teve início em agosto de 1939. Com a morte de Hinderiburgo ocorrida no dia 2 de agosto de 1932, Hitler assume o governo da Alemanha. Em agosto de 1945 as cidades de Hiroshima e Nagazaki foram destruídas por bomba atômica. No dia 13 de agosto de 1961 foi iniciada a construção de um muro, em Berlim, depois mais conhecido como o Muro da Vergonha.


Na cidade de Nova York, no dia 6 de agosto de 1890, o primeiro homem foi eletrocutado numa cadeira elétrica, Em agosto de 1957 foi decretado estado de calamidade pública no Brasil em conseqüência da epidemia da gripe denominada asiática, sendo transformados em hospitais de emergências escolas, clubes e repartições estaduais e federais.


Como resultado de uma crise política que assolou o país, suicidou-se, em 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, o então presidente da República Getúlio Vargas. Juscelino Kubitscheck também morreu em agosto.


Uma outra morte em agosto sentida pela cultura nacional foi a de Glauber Rocha, um gênio que abriu novos caminhos para o cinema mundial. Raul Seixas também faleceu em agosto. Vale dizer que no dia 24 de agosto o candomblé brasileiro comemora o dia de todos os Exus. E dizem que o “coisa ruim” anda solto por aí, aprontando as suas. Ah, também instituíram esse como o “Dia da Sogra” (fica a pergunta: a superstição contra as sogras nasceu dessa data comemorativa ou a data foi escolhida justamente por já haver a superstição? rs).


Brincadeiras e crenças à parte, o fato é que o mês de agosto, pelo menos em Mato Grosso, é quase literalmente intragável. O Frei Alceu, longe de acreditar que Deus tira férias neste mês, atribui o mal estar de muita gente ao clima horrível que se instala por aqui, fruto da época, do tempo extramente seco e das queimadas. O baixista Samuel Smith concorda com o Frei: “Só sei que agosto é o mês mais seco do ano. E isso atrapalha à beça...”.


Se você vai “passar agosto esperando setembro”, como canta Zeca Baleiro, uma boa reza nos lábios e uma bacia de água do lado vão ajudar. Acredite. E ainda bem que o mês já se vai, enfim. Será quando chove???